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27.8.21

Únicas

 




Únicas

 

Já sentiu a chuva fria depois de um dia de sol seus pés beijando a areia quente suas mãos carregando água fresca a boca o vento beijando seu rosto suado o cheiro doce de uma flor deitou-se com um desconhecido sentiu frio em uma tarde de verão amou sob um céu coberto de estrelas beijou o espelho tomou banho de roupa deixou o sorvete ir ao chão chorou vendo um filme de amor sentiu medo quando ele fechou a porta comprou coisas que nunca usou carregou o mundo em sua bolsa sentiu que aquela música falava de você afogou as mágoas em uma caixa de chocolates odiou vingou-se arrependeu-se sentiu-se feia gorda magra despenteada insegura decidida namorada esposa amada amante menina mulher assim sou eu assim e você assim é um pouco de todas nos esteja onde estivermos somos quem somos lindas feias ricas pobres conhecidas desconhecidas casadas solteiras mães filhas netas castas despudoradas brancas negras asiáticas cabeludas carecas religiosas ateias clássicas elegantes despojadas reais sonhadas desenhadas pintadas fotografadas realizadas frustradas amadas rejeitadas frágeis fortes anjos demônios somos caminhos curvos perguntas sem resposta somos sangue somos ventre somos únicas

únicas?!!?


 

19.8.21

O menino do deserto

 

O menino do deserto.


''morto ao alçar a voz''


Amor

alenta-te

amor

levanta-te.

 

O menino do deserto

perambulava solitário fincando os pés na areia

falando do céu e de escorpiões

trazendo miseras e suadas tâmaras

deslizando como um anjo entre as brumas arenosas

brincando próximo ao minarete

suflando o vento

percorrendo uma rua sem volta.


    Menino

não me diga que os rios não correrão mais

que se afogarão em areias

não me diga que se perde

aquilo que não se tem

não me deixe levar por seus tolos pensamentos

reais.

 

Menino

não me diga que as almas

desaparecem nas montanhas

onde renascerão na noite seguinte

não me diga que a fé não

nos irmanará

não me diga que desiste

de mim.

 

O menino do deserto

brincava de vida

destinava comiseração

arfava-se de dor

o menino do deserto

desenhou o celerado

acenou sorrindo

até verter

a vermelha fé.

 

Amor

regresse

amor

leve-me

ao fim.


16.8.21

LUA

 

 

                                                  

                                                           LUA


Caminhe lentamente

Sobre meu corpo

Dê-me suas mãos

Brancas

Seu beijo doce

Sob a lua densa

Nua

Calada

Ame-me.

Como a mais perfeita

E cálida

Homenagem

Caminhe por entre

Os vales escondidos

De minha alma.

Emudeça meu silêncio

Refresque meu corpo

A lua nos trará

Lembranças

Dessa  noite

Que se banhou

De tolos pensamentos

Em serenata

Que se faça

A  áurea

Sobre nossos corpos

Perdidos

Refugiados em encantamento.

Guie meus lábios

Em direção aos seus

Entrelace minhas mãos

Nas suas úmidas mãos

Absorva os segredos

Da lua

Ela admira sua coragem

Ela contempla

Nossa adorável tolice

Na noite serena

Branca e cálida

Somos perdoados

Pelo céu, pela lua

Por sermos

Apenas um.


14.8.21

LIVRE

 

LIVRE

Caminho sob as sombras da ignorância

Sigo passos desenhados pela hipocrisia

Encontro-me em meio a rostos desnudos

De sorrisos cavilosos

Assino as regras impostas por uma

Sociedade servil desesperada

Em busca da vida conformista

Previamente descrita

Artificialmente rebuscada

Por burgueses inexatos

 

Posto-me diante da esfinge ‘humana’

Que me devora por minha inabilidade

Buscam a ‘incoerência’ dos meus atos

No grande livro das condutas toleráveis

Julgam minha cor, meu corpo, julgam minha fé ou a falta dela

Julgam minhas roupas, meus cabelos e até minha libido

Enquanto   psíquicos mestres

Assinam o veredito

“Inapta ao convívio da sociedade moral’’

Munidos de suas verdades encerram ‘a liberdade’

 

 

Agiganto-me derrubo o embuste

Dilacero as amarras, retiro a  casca imposta

Regozijo na indecência da decência dos castos

Purifico-me na alma dos impuros, puros

Beijo cinicamente a face dos acéfalos, cultos

Saboreio a amizade dos meus

Abraço os que me são caros

Agradeço a compreensão dos incompreendidos

Enquanto aguardo o pedido de perdão: dos ignorantes

Grito: Enfim LIVRE!


12.8.21

NATURAL

 



NATURAL

Pousado em teu seio quente.

A relva do amanhecer.

Guarda tuas lembranças.

De longínquos momentos brandos.

 

Teu grito ecoa solitário.

Perdido, despido.

Arrependido.

 

Tuas águas mornas.

Dragam-se nas rupturas humanas.

 

Quem há de cuidar de ti?

Eu? Que tão pouco sei de mim!

Que não dou mais, que um passo.

Sem te ferir, sem lançar sobre ti.

Os malefícios da modernidade.

 

Tu que era tão bela, tão jovem.

Traz agora marcas indeléveis.

Em tua face azul.

 

Teus seres outrora livres.

Agora se veem aprisionados.

Enjaulados, acuados.

Tristes, perdidos.

 

Tuas vestes vivas, coloridas.

Agora são moldadas, refeitas, recicladas.

 

Esperamos tanto de ti.

Tiramos tanto de ti.

Em troca derramamos por todo o teu corpo robusto.

Nossos refugos, nossos dejetos nossa ignorância.

 

Ainda me lembro de ouvir falar que tu.

Um dia foi tão verde que parecia ser eterna.

Ouvi falar que tuas águas límpidas, sagradas.

Eram inesgotáveis!

Mentiras que cresci querendo acreditar.

 

Sei que ainda guarda, belos prazeres, em forma de cenários.

Que não fiquem!

Futuramente aprisionados, refugiados.

Apenas em lembranças, pinturas ou fotografias.

 

Desejo-lhe vida longa, infinita!

Que meu último beijo seja em tua boca ‘’Natural’’!

Tua boca de “Terra”.


Imagem:

<a href='https://www.freepik.com/photos/nature'>Nature photo created by wirestock - www.freepik.com</a>

11.8.21

O Samba

 

O Samba

O samba, não mora mais aqui

fez as malas e partiu

para onde ninguém viu.

O samba, carregou a felicidade

deixando a saudade

do mestre que partiu.

A lua ilumina a pobreza

dando de cara com a certeza

que a força mora aqui.

Com os meninos

deixou a esperança

e o ouro

em seus pés.

Na roda canta-se a tristeza

misturada com a incerteza

de que o samba, não vai mais voltar.

O samba

ouviu todos os lamentos

resolveu do firmamento

então voltar.

O samba chora a saudade  de outros tempos

quando vestido de majestade

andava de braços dados

com a liberdade.


Imagem de Luciano Raul Mazeo por Pixabay

10.8.21

Escrever

 


Escrever?

Escrever é grato, lúdico, prazeroso, esclarecedor.

Discordo!

Escrever é penoso, ingrato, desafiador.

Cada linha, uma sentença, cada página uma tortura.

Sofrimentos, desilusões, por fim fracasso.

Escrever é se agarrar em caminhos escuros, parcos, inverossímeis.

Se pôr à espera do julgamento filosofal.

Do travestido de bom entendedor.

Daquele que te pune, que te ignora, por não ser o próprio.

Objeto de tuas linhas.

Escrever é sangrar na minha ignorância.

É estar sozinha, sempre.

EU

                                                                 Eu   “C” confesso não ser de toda má tampouco estar nos braços ...