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28.3.22

Língua Estranha

 


Língua Estranha


Sento-me diante da besta de feições falhas

Carregada de emoções reprimidas

Vagando entre os lábios da ignorância

'Cortando' a língua estranha

Ouvindo vozes indolentes

Que se colocam

À frente das palavras malditas e escondias

Dos que se dizem pensadores

Mas é apenas engodo

Do romantismo estúpido

Que fala do 'eu'

Assumidamente costurado

Na imbecilidade humana

De tolos que se digladiam

Que sucumbem à racionalidade - ao inferno com ela

Tolos traídos pelo ego

Pela soberba

Tolos que absorvem a religiosidade

Tentando esconder

O demônio que habita em suas cabeças

Proletários da bestialidade

Discutam! Falem!

Hipócritas

Deem o final poético e patético

Coerente a cada um.



21.3.22

QUE BELO!

QUE BELO!

'' Do findar ao principiar soarão os sinos''

(A Bela Morre.)

Que belo

Ela dança

Entre os anjos

Que belo!

Que triste

Soaram os sinos

Que triste!

Que triste

Ela morreu

Que triste!


(O amor mata.)

Lágrimas não bastam

Tampouco todo seu amor

As mãos fortes e tremulas

A sufocam

Tiram-lhe o ar

Tiram-lhe os sonhos

Tiram-lhe tudo

Tudo!

Ele a beija

Sedento de amor e desespero

Perdido em um caminho sem volta

Ele busca palavras

Que não tem

Ele chora!

Ela...lamenta

Ele derrama suas mãos

Sobre ela

Ele grita de satisfação e arrependimento

Os anjos não parecem ouvi-lo

Ela sim

Ela sim! 


(A paixão cega.)

Seus lábios esperam

Por um beijo

Seu coração

Quer libertar

Todo  amor

Contido

Escondido!


(O mal espreita.)

Seus passos são largos

Na estreita rua escura

Ela não o vê

Ele a busca com firmeza

Ela se volta

Que bom

Que veio

Ela sorri!


(O belo é coroado.)

Que belo!

Depois dos aplausos

Recolhem-se todas

As pétalas

Do fim do espetáculo

Levemente ela toca

Seus pés nas nuvens

Suas mãos deslizam

Seu corpo se inclina

Que alívio

Acabou! 


(A inveja persegue.)

Os olhos dele seguem os comprimentos recebidos

Os olhos dele seguem todos os olhares

Que a ela, são dados

Ela se deslumbra

Ele arde de ódio

Ódio!

Que belo!

Soaram os sinos

 

(O cair se levanta)

Rostos estranhos estão à sua frente

Carregados de sentimentos, sofrimentos, desapego

Que estranho

Ela sente!

Suas mãos buscam as mãos seguras e frias

De seu par

Seu sorriso está escondido

Sua decepção

Ela vê!

Ela dança

Em um suave levitar

Ela cai

Que inevitável

Ela cai!

 

(A beleza toca.)

Levemente ela desliza

Vai de um lado a outro

Todos os olhares a acompanham

Ela é absoluta

Ela é única

Que triste

Única!

 

Ela dá o primeiro passo

Sussurra proteção

Ela gira, lindamente ela gira

Seus pés cortam o ar

Desenham o belo

O sagrado

A arte!

A ansiedade toma a todos

Que compartilharão os aplausos

Até o soar dos sinos

Dos sinos!

 

(O espetáculo começa.)

Abrem-se as cortinas

Enfim

Abrem-se as cortinas

Púrpuras cortinas!

A espera é longa

Ela disfarça

Sorri

Reza

Ela reza!

Em passos largos

Caminha em direção

Ao palco

Tão feliz

Tão feliz!

Seu rosto e coberto em áurea brilhante

Seu corpo envolvido

Em véus de estrela

Que linda

Que linda!

Enfim

Hoje soarão os sinos

Enfim! 

''Do principiar  ao findar soaram os sinos''


4.3.22

Lembre-me


'LEMBRE-ME'


Não esqueça: de lembrar-me.

Que não devo partir durante a noite!

Tampouco ficar sem ter contigo durante longos dias.

Faça-me jurar

Que serei teu para sempre!

Ao contrário de ti.

 

Mande-me assinar

Um termo de compromisso

Diante de um sisudo homem da lei

Que todos os dias: lhe trarei uma rosa.

Por mais que me custe.

 

Por Deus prometo todas as tolices que me pedes.

Caminhar entre as flores, andar de mãos dadas.

Desenhar corações na areia

Reparar na tua roupa, gostar do teu cabelo.

Lembrar a ti todos os dias.

Que es perfeita!

 

Como você quiser!

Dançaremos ao luar

Falaremos do meu passado

Eu lhe juro

Pedirei perdão pelo que fiz.

É pelo que tu insistes em dizer que fiz.

 

Serei teu escravo

Acorrentado em teu corpo de ninfa.

Sedento por tua boca

Clamando clemência

A ti que es a razão

Da minha existência.

 

Serei um menino

Diante de tua força

Esconder-me-ei.

Por trás de teus cabelos

Dentro de teus olhos de deusa absoluta

Buscarei proteção.

 

Deitar-me-ei na areia a tua espera.

Confessarei alegremente as estrelas

O eterno suplício, a que me obrigas.

Por te querer tanto

Prometo confessarei.

 

É tu

Conduziras meus desejos

Ao prazer dos teus

Murmurarei em teu ouvido

Que es a única

Que jamais houve ninguém

Que amei, como a ti.

De todas às verdades que lhe foram ditas.

Esta é a única que vale.

Ser lembrada.

 

Chorarei a cada partida

Por mais breve que dure.

Serei forte

Não lamentarei.

Enxugarei tuas lágrimas

As compreenderei, sempre

Sabendo que não são para mim.

É sim, por mim.

 

Brincarei de te possuir

De ser teu dono

De fingir que não me incomodo.

Com o teu tão presente abandono.

Absolverei toda a tua culpa.

Serei sua vítima passível.

 

Lembrarei a todo momento

Que sou um homem de sorte!

Que o deserto me trouxe você.

Direi sempre que es a mais bela.

Entre todas as black iris.

A mais perfeita montanha de Wadi Rum.

 

Em troca!

Quero o teu sorriso

Teus sonhos infantis

Tuas tardes livres

Toda a falsidade e mentiras.

Que saem da tua

Inocente boca.


(Amin para Hanna — Livro: O menino do deserto - Viviani Ketely)

 

EU

                                                                 Eu   “C” confesso não ser de toda má tampouco estar nos braços ...