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4.3.22

Lembre-me


'LEMBRE-ME'


Não esqueça: de lembrar-me.

Que não devo partir durante a noite!

Tampouco ficar sem ter contigo durante longos dias.

Faça-me jurar

Que serei teu para sempre!

Ao contrário de ti.

 

Mande-me assinar

Um termo de compromisso

Diante de um sisudo homem da lei

Que todos os dias: lhe trarei uma rosa.

Por mais que me custe.

 

Por Deus prometo todas as tolices que me pedes.

Caminhar entre as flores, andar de mãos dadas.

Desenhar corações na areia

Reparar na tua roupa, gostar do teu cabelo.

Lembrar a ti todos os dias.

Que es perfeita!

 

Como você quiser!

Dançaremos ao luar

Falaremos do meu passado

Eu lhe juro

Pedirei perdão pelo que fiz.

É pelo que tu insistes em dizer que fiz.

 

Serei teu escravo

Acorrentado em teu corpo de ninfa.

Sedento por tua boca

Clamando clemência

A ti que es a razão

Da minha existência.

 

Serei um menino

Diante de tua força

Esconder-me-ei.

Por trás de teus cabelos

Dentro de teus olhos de deusa absoluta

Buscarei proteção.

 

Deitar-me-ei na areia a tua espera.

Confessarei alegremente as estrelas

O eterno suplício, a que me obrigas.

Por te querer tanto

Prometo confessarei.

 

É tu

Conduziras meus desejos

Ao prazer dos teus

Murmurarei em teu ouvido

Que es a única

Que jamais houve ninguém

Que amei, como a ti.

De todas às verdades que lhe foram ditas.

Esta é a única que vale.

Ser lembrada.

 

Chorarei a cada partida

Por mais breve que dure.

Serei forte

Não lamentarei.

Enxugarei tuas lágrimas

As compreenderei, sempre

Sabendo que não são para mim.

É sim, por mim.

 

Brincarei de te possuir

De ser teu dono

De fingir que não me incomodo.

Com o teu tão presente abandono.

Absolverei toda a tua culpa.

Serei sua vítima passível.

 

Lembrarei a todo momento

Que sou um homem de sorte!

Que o deserto me trouxe você.

Direi sempre que es a mais bela.

Entre todas as black iris.

A mais perfeita montanha de Wadi Rum.

 

Em troca!

Quero o teu sorriso

Teus sonhos infantis

Tuas tardes livres

Toda a falsidade e mentiras.

Que saem da tua

Inocente boca.


(Amin para Hanna — Livro: O menino do deserto - Viviani Ketely)

 

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